Voar acalma

André Lobão
2 min readMay 21, 2024

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Foto André Lobão

Acho que já viajei bastante nessa vida, próximo de completar 53 anos de idade, tenho muita quilometragem de estrada, voos e vida. Mas ao pegar esse avião me senti tão em paz e com a sensação de leveza interior. Da janela vi nuvens densas, nuvens que pareciam feitas de algodão, como diz o trecho da letra de uma música que não me lembro dos Engenheiros do Hawai. Ou como o algodão doce que minha filha adora na inocência dos seus seis anos.

Me senti parado no ar como um beija-flor, como um artilheiro que cabeceia uma bola certeira para marcar um gol. As nuvens estão lá fora, mas não posso tocá-las, são como obras de arte de um museu que não podem ser tocadas, apenas olhadas e admiradas. A dimensão delas e sua infinidade mostra a força e a beleza da natureza, e sobretudo da vida.

Um bebê chora na outra fileira, é a vida. No colo de sua mãe ele resmunga e certamente está entediado. Mas não me incomodo, só seus pais ficam incomodados. O brilho do sol diminui em minha janela e sigo olhando as nuvens, refletindo sobre a minha vida. Como é bom voar, flutuar e pensar. Acho que a mãe deveria mostrar as nuvens para o bebê.

Desde criança, em meus sonhos, eu sempre voo. Eu sou um psicodélico careta, tenho sempre sensações que me fazer desligar e sair do meu corpo. Voar é bom, nos sonhos e na vida real. Como é bom viver nas nuvens.

A mãe colocou o bebê no assento da janela, ele se acalmou e parou de chorar….

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André Lobão
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Written by André Lobão

Apenas um jornalista antineoliberal, anticapitalista e brasileiro, acima de tudo.

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