Vale, o dragão de sete cabeças

André Lobão
2 min readJan 28, 2019

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O saldo de mortos e desaparecidos de Brumadinho resulta de um sistema que mostra a cada dia seu esgotamento e compromete o Meio Ambiente.

O capitalismo predatório das mineradoras transforma as montanhas de Minas Gerais em represas de lama, daí por falta de fiscalização e planejamento a natureza manda a conta. Agora é Brumadinho, ontem Mariana (2015) e anteontem Miraí (2007).
A Vale, dona das barragens, privatizada no governo de Fernando Henrique Cardoso em 1997 por R$3bi em papéis podres da dívida pública , quando tinha reservas avaliadas em R$100bi, é hoje um monstro de várias cabeças que destrói montanhas e vidas.
Seu crescimento veio com o desenvolvimento do capitalismo pelo mundo afora, precisamente na China, o maior cliente da empresa.

Conforme informe da agência chinesa de notícias Xinhua, nos últimos 20 anos, ocorreu um dos maiores processos de urbanização de um país em tão pouco tempo. Em 2017, cerca de 813,47 milhões de pessoas viviam nas áreas urbanas, o que corresponde a 58,52% de sua população. Até o ano de 2020, o governo chinês pretende assentar mais 100 milhões de migrantes em suas áreas urbanas. São investimentos na continuidade da urbanização, infraestrutura, produção de automóveis e maquinário.

A Vale pertence a vários donos, tendo 47% de sua composição acionário nas mãos de investidores estrangeiros, como pode ser verificado no gráfico abaixo:

O diretor-presidente da empresa, Fabio Schvartsman, em outubro de 2018, disse que a Samarco, subsidiária responsável pela tragédia de Mariana voltaria a operar em 2020. Neste empreendimento a Vale é sócia da anglo-australiana BHP Billiton.

Assim, a Vale mostra o quanto funesta pode ser uma privatização, que no caso só é boa para os players da jogatina do mercado. Não importa o tamanho do rombo na montanha e a quantidade de lama.
Para os investidores o buraco não pode parar.

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André Lobão

Apenas um jornalista antineoliberal, anticapitalista e brasileiro, acima de tudo.