Hora de acordar
O PT colhe frutos de suas contradições. No palanque o discurso é de golpe, mas no jogo político-legislativo a realidade é de acordos com quem lhe derrubou, e a situação de Lula, inegavelmente perseguido, mostra bem o resultado disso.
A direção do partido com sua linha de institucionalidade desmobiliza sua militância que sempre foi aguerrida e que hoje está inerte sem saber o que fazer, apenas esperando o “milagre” da liberdade de Lula cair dos céus pelas mãos de uma Justiça que se mostra cada vez mais seletiva.
Hoje, a conjuntura de Luta vai muito além da liberdade de Lula, que mansamente aceitou o jogo ao se entregar aos seus algozes.
A Luta neste momento é para defender o que sobrou de nossos direitos e defender nosso direito de ter um futuro digno. Com o neoliberalismo selvagem de Paulo Guedes e a truculência política dos Bolsonaros e seus seguidores não se pode ter o mínimo de conversa ou muito menos acordo.
O PT mal ou bem ainda é o maior partido da esquerda no Brasil, e ainda tem alguma influência em suas bases, mas tem hoje a necessidade de mudar o seu rumo e se ater a sua história inicial de lutas como referência. Isso que dizer que a sua militância precisa ser ouvida e o dirigismo atual do partido deve ser abandonado de lado. Além, claro, de uma necessária autocrítica.
Enquanto chorar lágrimas por Lula vai legitimar o que está aí. Lula ao não assumir seu protagonismo como líder e continuar com seu comportamento de vítima e injustiçado estará chancelando o projeto neoliberal e direitista que implantam um projeto de atraso e retrocessos.
O centralismo do PT a partir do lulismo virou um veneno contra a própria esquerda que precisa se oxigenar e apresentar novas lideranças e propostas às massas que foram abduzidas pelo discurso de ódio de Bolsonaro e Cia.
Um choque de realidade não faz mal.