Gaza, a Guernica de hoje
Texto atualizado em 04/07/24
Em 1937 , o pintor espanhol Pablo Picasso produziu uma de suas, senão a maior, Guernica. A pintura retrata o bombardeio promovido contra a cidade de Guernica promovido pela aviação nazista , em apoio à Falange Fascista durante a guerra civil espanhola que transcorreu entre os anos de 1936 e 1939, vencida pelos fascistas liderados por Francisco Franco.
Na tela Picasso retratou e denunciou o horror sofrido por uma pequena cidade da Espanha após um bombardeio que foi em realidade um experimento armamentista nazista que assassinou mais de 1.600 pessoas, em apenas três horas.
86 anos depois, se fosse vivo, o artista espanhol certamente iria produzir uma obra sobre o massacre que é assinado por Israel, com tintas e armas fornecidas pelos EUA, em andamento na Faixa de Gaza, que registra até o momento mais 35 mil mortes.
Guernica mostra elementos do sofrimento humano diante das bombas que vem do céu. O homem com os braços erguidos como se estivesse pedindo clemência, o corpo no chão com o rosto olhando para o céu e a mulher aparentemente morta com a criança em seus braços, nos remetem a uma cena contextual do contemporâneo.
Para alguns as cenas diárias que chegam através das telas de smartphones, computadores e televisores causam indignação, repulsa e sentimento de impotência. Para outros, o prazer da morte é o ápice do exercício do poder através da violência. Ainda tem aqueles que se conformam na explicação e justificativa da natureza belicista do ser humano.
Em Guernica , Picasso retratou também um animal, um touro com o olhar perdido. Gaza mostra um filhote de gato preso aos escombros pedindo socorro.
Picasso em Guernica mostra como a vida se fragmenta após o horror das bombas que destroem vidas. As imagens reais e em tempo real de Gaza mostram corpos destroçados, pais e mães aflitos carregando o que restou de seus filhos que não entendem aquele horror vindo do céu.