Cinema de estereótipos e falsos heróis
Me deparei outro dia com uma leitura sobre o Oscar que Marlon Brando recusou-se a receber no ano 1973, tendo enviado em seu lugar Sacheen Littlefeather (foto), uma líder indígena de origem apache que denunciou como a indústria cinematográfica usou a imagem dos povos originários dos EUA de forma negativa para obter grandes lucros com filmes que demonizavam os índios.Atores renomados construíram fama em produções conhecidas como “western”. John Wayne foi um desses, tendo tentado agredir Littlefeather após a cerimônia que premiaria Brando por sua atuação em “O Poderoso Chefão”.
Daí podemos relacionar uma série de produções que construíram imagens sobre determinadas etnias como os filmes de lutas marciais, nos quais invariavelmente asiáticos entram na porrada de “heróis” como Steven Seagal, Chuck Norris e Van Damme, entre outros. É bom lembrar também de filmes que retratam as chamadas gangues de rua e de presídios estadunidenses compostas por negros e latinos.
Sim, isso é a construção cultural do chamado racismo estrutural, que ergue heróis brancos bons de tiro e porrada, contra os não brancos.
Também não podemos esquecer como também a ideologia de esquerda foi criminalizada nos filmes de James Bond, o agente 007 do M16, serviço secreto britânico.
Por fim, Silvester Stallone encarnou , em último grau, o maior de todos agentes do universo anticomunista através de Rambo que exterminava vietcongs e soviéticos.
Ainda nos EUA, a partir deste tipo de cinema, estrelas do cinema faturaram politicamente com isso, sendo eleitos a cargos majoritários como Ronald Reagan e Arnold Schwarzenegger, respectivamente eleitos presidente dos EUA (1981–1989) e governador do estado da Califórnia (2004–2011).
Isso sem falar que para Hollywood o mal hoje está personificado nos árabes e muçulmanos.